Concessão da Rota da Celulose impulsionará economia de Mato Grosso do Sul, maior exportador da matéria-prima do papel
Após o leilão feito pelo Ministério dos Transportes, municípios como Ribas do Rio Pardo, Campo Grande e Três Lagoas serão diretamente beneficiados com a nova gestão do trecho de 870,3 quilômetros
Principal exportador de celulose do Brasil, Mato Grosso do Sul receberá mais um importante investimento para sua infraestrutura rodoviária. O estado será contemplado com R$ 10,1 bilhões para obras de melhorias e ampliação da capacidade das estradas que concentram o maior fluxo de cargas da produção nacional da matéria-prima do papel.
Com o leilão promovido pelo Ministério dos Transportes nesta quinta-feira (8), municípios como Ribas do Rio Pardo, Campo Grande e Três Lagoas serão diretamente beneficiados com a nova administração privada do trecho de 870,3 quilômetros das rodovias federais BR-262/267 e estaduais MS-040/338/395, conhecida como Rota da Celulose. Bruno Teixeira, caminhoneiro há mais de 20 anos na região Centro-Oeste, conta que já teve que destinar os ganhos obtidos com o trabalho para o reparo de danos no veículo devido a buracos, falta de pontos de apoio e outros gargalos logísticos existentes na malha viária local.
O projeto elaborado pelo Governo Federal em parceria com o governo do estado prevê a aplicação de recursos pela nova concessionária responsável pela gestão da rota na duplicação de faixas, criação de acostamentos, construção de pontos de parada e descanso (PPDs) para caminhoneiros e outras intervenções que prometem estimular a geração de cerca de 100 mil empregos diretos e indiretos, além de aumentar a competitividade da agroindústria.
“Um ponto de parada com água, banheiro para usarmos, dignidade para a gente, ajudaria muito. Quanto melhor o local para você trabalhar, mais produtividade”, completa Teixeira.
Atividade econômica
Segundo dados da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (Fiems), o estado foi responsável por 28% do valor total exportado de celulose pelo Brasil em 2024. Em termos de volume, foram enviadas 4,64 milhões de toneladas para 34 países, gerando uma receita de US$2,65 bilhões. Esse desempenho reflete um crescimento de 79% na receita em comparação com 2023, resultado direto do aumento tanto na quantidade embarcada quanto no preço médio da tonelada, que registraram acréscimos de 17% e 52%, respectivamente.
O presidente da Fiems, Sérgio Longen, acredita que, após o resultado do certame, os polos industriais da região e novos investidores se interessarão ainda mais pela atividade econômica do estado, devido aos incentivos que prometem trazer mais segurança na movimentação de produtos e pessoas.
Corredor Bioceânico
A concessão do trecho integra a estrada federal BR-267 que é o elo nacional da Rota Bioceânica, o mega corredor rodoviário que vai ligar o Centro-Oeste do Brasil ao Oceano Pacífico, cruzando o Paraguai e o norte da Argentina até chegar aos portos do Chile. O início do percurso começa pela cidade de Porto Murtinho (MS) e se estende até a ponte internacional no Paraguai. O corredor vai encurtar em cerca de 8 mil quilômetros o caminho até a Ásia (via Pacífico), comparado ao trajeto que passa pelos portos do Atlântico.
Sérgio Longen reforça a expectativa de que, com melhores condições logísticas e o novo corredor, produtos brasileiros — como a celulose — que passam pela BR-267 se tornem mais atrativos e competitivos para novos mercados internacionais. “A rota bioceânica será um grande player na movimentação de cargas, desafogando e reduzindo custos também para quem importa, via Paranaguá (PR), Portos Santos (SP), Itajaí (SC) ou mesmo no Espírito Santo", destaca o presidente da Fiems.
Desenvolvimento regional
A Suzano, maior produtora de celulose do mundo, com operação massiva em Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas (MS), utiliza intensamente a BR-262, parte da Rota da Celulose, para o transporte de cargas até os portos de exportação. A capacidade das fábricas da empresa instaladas no estado é de uma produção estimada em mais de 5,7 milhões de toneladas de celulose por ano. Além disso, a companhia vende para mais de cem países, com escritórios na Argentina, Inglaterra e China. O diretor da empresa Mauricio Miranda observa que a melhoria da logística nas estradas conversa com os interesses da empresa em trazer alternativas de expansão da unidade de Ribas do Rio Pardo. “Olhar para a infraestrutura viária, para as soluções que temos em Mato Grosso do Sul, nos ajuda na tomada de decisão desses investimentos.”
Outra empresa que vem investindo para expandir sua participação no setor da celulose por meio do estado de Mato Grosso do Sul é a Arauco. Em abril de 2025, foi dado início à construção oficial da primeira fábrica do grupo no Brasil. O diretor de Logística da Arauco, Alberto Pagano, diz que a nova unidade, com investimento de US$4,6 bilhões, será construída em etapa única e vai ter capacidade para produzir 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano, com as operações iniciando até o final de 2027. "Nesta fase de construção, serão gerados 14 mil empregos, e na fase de operação da fábrica, serão mais de 6 mil empregos nas áreas florestal, industrial e de logística", planeja.
O gerente comercial Endel Filipe Fernandes, que trabalha em um posto de gasolina na BR-262, conta que a unidade vem batendo recordes no abastecimento de combustível para veículos de carga, passando de 6 mil para cerca de 30 mil litros por dia, em menos de 120 dias de operação.
De acordo com ele, a expectativa a partir do aumento esperado no fluxo de veículos na rodovia após a concessão, é de que o posto passe a implementar projetos comerciais para a nova demanda de consumidores, o que também vai gerar empregos e movimentar a economia local.
Fonte: Assessoria Especial de Comunicação-Ministério dos Transportes