Produção de folhosas é afetada por chuvas e frio intenso no RS
Na região de Passo Fundo, a sanidade e o desenvolvimento das plantas estão satisfatórios, apesar do excesso de umidade
As fortes chuvas e a umidade excessiva no solo estão prejudicando a produção de folhosas, como alface, rúcula, salsa e cebolinha, favorecendo o apodrecimento das plantas e a ocorrência de doenças fúngicas e bacterianas, especialmente em cultivos não protegidos. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (03/07), na região de Passo Fundo, a sanidade e o desenvolvimento das plantas estão satisfatórios, apesar do excesso de umidade.
Os preços ficaram estáveis: R$ 4,00/unid. de rúcula e de alface; R$ 5,00/molho de couve e agrião. Na região de Santa Rosa, as condições climáticas adversas também têm afetado a produção de folhosas, e os produtores relatam apodrecimento e estiolamento, que é quando uma planta cresce na ausência total ou parcial de luz, além de danos causadas pelas chuvas fortes, que comprometem a qualidade e a aparência dos produtos.
Em Candiato, na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, os cultivos de olerícolas para sementes estão em implantação. Nas áreas de produção de sementes de coentro, há problemas de germinação e emergência, já nos cultivos de sementes de cebola, o plantio dos bulbos, que ocorre manualmente, foi realizado sem maiores dificuldades. Na de Erechim, as chuvas frequentes, a neblina e a limitada luminosidade causaram prejuízos ao desenvolvimento das culturas e favoreceu o surgimento de doenças, especialmente podridões. A alta umidade do solo impediu os trabalhos de semeadura, o transplante e o preparo dos canteiros, além de causar erosão em solos desprotegidos.
Brássicas - Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Soledade, as culturas de brócolis e couve-flor, em fases de crescimento e de colheita, foram as mais prejudicadas pelas chuvas; as perdas podem chegar a 50% em alguns cultivos. O ambiente úmido favoreceu o surgimento de doenças, bem como ocasionou danos foliares. Apesar das perdas, não há falta de produto no mercado, mas observa-se redução na qualidade.
Cebola- Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, os volumes elevados de chuva agravaram o encharcamento do solo, impedindo o término do plantio e a realização dos tratos culturais nas áreas já cultivadas. A umidade excessiva tem causado tombamento de mudas nas sementeiras e afetado a eficácia e a aplicação de herbicidas para controle de plantas daninhas. Alguns produtores também relatam danos por erosão do solo. Na região de Pelotas, 100% das áreas de sementeira estão implantadas, mas ainda não foi iniciado o transplante. Em Rio Grande, as lavouras apresentam desenvolvimento normal. Nos demais municípios, o cultivo ocorre em pequenas áreas voltadas ao consumo local.
Safra de Grãos
Trigo - As chuvas recorrentes nas últimas semanas atrasararam a semeadura do trigo, que chega a 50% da área estimada para esta safra. Nas lavouras implantadas, a emergência das plantas ocorre de forma relativamente uniforme, com bom estande inicial e sem prejuízos significativos observados. A necessidade de replantio tem sido pontual, restrita a áreas de borda com maior declividade, especialmente onde houve dessecação pré-semeadura, erosão laminar e sulcos por enxurradas. Nas lavouras onde se adotou a semeadura de culturas outonais logo após a colheita da soja, os danos erosivos foram minimizados. No entanto, o pleno estabelecimento dos cultivos segue condicionado ao regime de chuvas nas próximas semanas.
O tempo seco, aliado às temperaturas mais baixas, tende a favorecer a intensificação da semeadura do trigo dentro do período estabelecido pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). Também será possível retomar os tratos culturais, como controle de plantas daninhas e aplicação de adubação nitrogenada em cobertura e preventiva de fungicidas. A previsão de área cultivada no Estado, conforme a Emater/RS-Ascar, é de 1.198.276 hectares. A estimativa inicial de produtividade é de 2.997 kg/ha.
Aveia-branca - A semeadura prosseguiu pontualmente, prejudicada pelas chuvas e pela decisão dos produtores em priorizar a implantação de trigo, que está em atraso. Estima-se que 80% da área prevista de aveia-branca tenha sido implantada. Encontram-se em estágio de desenvolvimento vegetativo 96% das lavouras e em floração 4%, as quais se concentram na Região Noroeste do Estado. A Emater/RS-Ascar projeta o plantio de 401.273 hectares. A estimativa de produtividade está em 2.254 kg/ha.
Canola - O período de tempo firme, no início do período, beneficiou o desenvolvimento das lavouras. No entanto, os volumes elevados de precipitação, no final de semana, especialmente nas regiões com maior concentração da cultura, intensificaram os problemas relacionados ao excesso de umidade no solo, impedindo os tratos culturais e a aeração radicular. Estima-se que em torno de 95% da área prevista para a cultura tenha sido semeada. Caso o tempo continue seco, a expectativa é de que a semeadura seja concluída nos próximos dias. Estão 90% das lavouras de canola em fase de desenvolvimento vegetativo e 10% em floração. A Emater/RS-Ascar projeta o cultivo de 203.206 hectares, e produtividade de 1.737 kg/ha.
Cevada - A semeadura foi ampliada durante a breve janela de tempo seco, quando os níveis de umidade do solo se mostraram mais propícios à operação. No extremo Norte do Estado, os trabalhos estão próximos da finalização, respeitando o período indicado pelo Zarc. As lavouras implantadas apresentam estande e desenvolvimento inicial adequados, sem registros expressivos de danos relacionados às precipitações recentes. Para a Safra 2025, a Emater/RS-Ascar projeta 27.337 hectares cultivados e produtividade de 3.198 kg/ha.
Culturas de Verão
As cotações na entressafra das culturas de verão podem ser acompanhados semanalmente em bit.ly/4lLEAEj.
Milho - A colheita do milho foi concluída após a ocorrência de geadas sucessivas e um período de tempo seco. Entretanto, alguns produtores familiares ainda mantêm espigas armazenadas a campo, destinadas ao uso na propriedade. A produtividade obtida no Estado foi estimada pela Emater/RS-Ascar em 6.857 kg/ha e a área cultivada em 706.909 hectares.
Feijão 2ª safra - A colheita foi encerrada e a área de cultivo foi estimada pela Emater/RS-Ascar em 15.597 hectares, e a produtividade, em 1.316 kg/ha.
Pastagens e Criações
A alta umidade do solo e a limitação de radiação solar têm provocado atraso no crescimento das forrageiras, comprometendo o pastejo e a oferta de alimento para os rebanhos. Além disso, os alagamentos e a recorrência de eventos de precipitação intensa têm ocasionado perdas de nutrientes por lixiviação e erosão, reduzindo a produtividade e a qualidade das pastagens. Mesmo quando é possível realizar o pastejo, observam-se perdas acima do normal, agravando, ainda mais, o quadro de escassez neste período.
O frio intenso, as geadas e o excesso de chuvas impactaram de forma negativa os rebanhos bovinos em várias regiões, resultando em perda de peso, queda na condição corporal e até mortes por desnutrição em áreas mais críticas. Foram adotadas estratégias como a suplementação alimentar, o uso de antiparasitários e a adaptação dos sistemas produtivos.
Na Bovinocultura Leiteira, o excesso de umidade e de barro comprometeu o manejo e o bem-estar animal, favorecendo mastites, lesões e a baixa qualidade do leite. A suplementação alimentar foi intensificada diante da limitação das pastagens em várias regiões. Em algumas, houve registro de queda na produtividade. Exemplo disso é nas regiões administrativas da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen e de Passo Fundo, onde, devido à dificuldade de manejo dos animais e das pastagens, causada pelas chuvas constantes, houve leve diminuição na produção de leite, e os animais não conseguem manter peso e escore corporal. Na de Ijuí, apesar da alta umidade, a sanidade dos animais está adequada, e as infecções de úbere controladas. Na região Celeiro, há registro de piora nos índices de qualidade do leite em termos de Contagem Padrão em Placas (CPP), atribuída à umidade excessiva, ao frio e à pouca luminosidade.
Fonte: Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação