'Quando se mexe com interesses, os lobbis vêm', diz Simone Tebet sobre corte de incentivos
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou nesta terça-feira, 8, reconhecer a dificuldade de parlamentares de cortar incentivos fiscais. Segundo ela, "quando se mexe com interesse, os lobbies vêm".
"Não se iluda. Estamos falando de, pelo menos, 150 tipos de gastos tributários no Brasil. Na hora que abrimos isso, sempre tem alguém dizendo que vai gerar desemprego", declarou durante audiência da Comissão Mista de Orçamento (CMO), para discutir a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2026.
Tebet afirmou que tentou debater o assunto quando era senadora e presidia a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
"Não queria estar na pele dos senhores e senhoras. Tentei por oito anos, eu era presidente da CCJ, colocar na PEC uma alternativa que, na prática, não consegue nos atender, que é reduzir para 2% do PIB os gastos tributários", falou.
A ministra disse ainda que era contra um corte linear, mas que, diante da situação atual, pode ser uma alternativa: "Poderíamos fazer um corte linear. Não é a melhor medida, mas a talvez a possível. Fui contra no passado. Não é a que garante mais justiça tributária, mas, dentro da injustiça que temos, mexer com linearidade poderia ser uma alternativa".
A ministra defendeu ainda um corte de R$ 20 bilhões e reafirmou que a redução não afetaria gastos tributários constitucionais, como a Zona Franca de Manaus.
"Se conseguirmos algo em torno de R$ 20 bilhões de economia no universo de gastos tributários na ordem de R$ 580 bilhões de renúncias fiscais todos os anos", declarou.