Preço do leite ao produtor registra alta em março, segundo Cepea

A alta no mês é a terceira consecutiva

Pecuária de Leite
29/03/2019 às 18:10 atualizado por Jorge Zaidan - SBA
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Foto: Canal do Boi

O preço do leite ao produtor registrou a terceira alta consecutiva em março, chegando a R$ 1,47 o litro na “Média Brasil” líquida. O dado é do Cepea, Centro de Estudos em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo. 
O valor R$ 1,47 representa seis centavos acima do valor de fevereiro, segundo o centro de pesquisas. A alta foi de 4,5%.

De acordo com agentes do setor, a valorização ocorreu em menor intensidade em relação aos meses anteriores. 
Na comparação com março de 2018, o aumento é de 32,4% e, no acumulado dos três primeiros meses do ano, de 18,9%, em termos reais.O relatório aponta razões para a elevação de preços: no primeiro trimestre do ano, houve oferta menor da matéria-prima. 

Com menos leite no campo, as indústrias são obrigadas a disputar com a concorrência e assim dar um pouco mais de vantagem ao produtor. Segundo o estudo, a captação de fevereiro foi influenciada pelas chuvas irregulares, que limitaram a disponibilidade de pastagens e a produtividade das lavouras de milho. Sem chuva, os produtores tiveram que recorrer a silagem, para tentar manter o volume de produção. O relatório lembra que o uso de silagem deve se repetir daqui pra frente. O pecuarista está prepreocupado com a dificuldade de alimentar o gado no meio do ano.

O relatório também informa a expectativa de agentes ouvidos. Para os próximos meses, as opiniões são divergentes quanto ao preço do leite, que caminhará de acordo com a qualidade das pastagens. Com a seca se aproximando, é de se esperar uma captação menor, e, consequantemente, preços mais elevados.

Segundo o Cepea, o ajuste na oferta no curto prazo pode ocorrer pelo aumento no consumo de concentrado e silagem, favorecido pelo maior poder de compra do pecuarista. Outro fator a ser considerado é a maior demanda de laticínios por matéria-prima de qualidade, tendo em vista as novas instruções normativas 76 e 77, o que pode elevar as cotações, em função das bonificações.

O relatório aponta que as indústrias têm tido dificuldade em agregar, no preço dos derivados, a alta no preço pago ao produtor, já que a renda do brasileiro não permite aquisição de queijo e manteiga, por exemplo, com aumento nos preços.

Como consequência de demanda enfraquecida, o preço do leite spot negociado em mg caiu 10,4% em março e o valor do UHT recebido pelas indústrias em SP recuou 2,3%. Com margens espremidas, a indústria enfrenta a dificuldade de assegurar a compra de matéria-prima de qualidade, o que põe em risco a manutenção do movimento de valorização no campo.