Ondas de calor e estiagem prejudicam produção leiteira no Rio Grande do Sul

Estudo aponta quedas significativas na produção e aumento de custos devido ao estresse térmico e condições climáticas adversas durante o último verão

02/04/2025 às 11:22 atualizado por Allana Ferrsouza - SBA
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O último verão foi marcado por eventos meteorológicos extremos, como ondas de calor e estiagem, que afetaram severamente a atividade leiteira no Rio Grande do Sul. O impacto incluiu perda de produção, queda no desempenho reprodutivo das vacas, maior sensibilidade a doenças como mastite e aumento nos custos de produção. Esses efeitos foram agravados pelo estresse térmico moderado, pela escassez de forragem nos campos e pela má qualidade da água.

Essas conclusões estão no Comunicado Agrometeorológico 83 - Especial Biometeorológico Verão 2024/2025, publicado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). A publicação destaca como as condições meteorológicas, como precipitação, temperatura e umidade, influenciaram o setor leiteiro, utilizando o Índice de Temperatura e Umidade (ITU) para analisar o conforto térmico dos animais.

Segundo a agrometeorologista Ivonete Tazzo, uma das autoras do estudo, o comunicado apresenta a espacialização dos valores de conforto e desconforto térmico no Estado e estima a queda na produção diária de leite das vacas, que variou entre cinco a 40 quilos. O estudo indicou que os meses de janeiro e fevereiro de 2025 foram os mais críticos, com condições de estresse térmico que afetaram mais da metade das horas avaliadas nesses meses.

As temperaturas extremas durante o verão resultaram em situações de estresse térmico, com destaque para as regiões Central, Campanha e Noroeste do estado, onde as ondas de calor foram mais intensas. Apenas 42,6% das horas em janeiro e 28,3% em fevereiro ofereceram conforto térmico para os animais. A região Noroeste, responsável pela maior produção de leite do Rio Grande do Sul, foi uma das mais afetadas.

A veterinária Adriana Tarouco, também autora do estudo, destacou que 41% das horas avaliadas ao longo do trimestre indicaram estresse térmico leve a moderado. Regiões que tradicionalmente não sofrem com esse tipo de estresse, como a Serra do Nordeste, também foram impactadas. O Vale do Uruguai e a região Missioneira apresentaram condições de estresse calórico durante o verão.

Diante desses desafios, os produtores de leite precisaram adotar estratégias de manejo para minimizar os efeitos ambientais adversos. Isso foi fundamental para evitar prejuízos econômicos, pois o estudo estimou uma queda de até 28% na produção diária de leite.

A publicação do comunicado é resultado do trabalho do Grupo de Estudos em Biometeorologia, composto por pesquisadores e bolsistas das áreas de Agrometeorologia e Produção Animal. O comunicado está disponível no site da Seapi e tem como objetivo fornecer informações que ajudem os produtores a adaptar-se às condições climáticas adversas, com o intuito de preservar a produção leiteira.

Informações: Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação RS