Exportações de café do Brasil são prejudicadas pelo atraso dos navios nos portos
Problemas logísticos nos portos brasileiros elevam custos e impactam o escoamento de café para o exterior
Em julho, 60% dos navios programados para exportar café nos principais portos do Brasil enfrentaram atrasos ou alterações de escalas, segundo o Boletim Detention Zero (DTZ), produzido pela startup ElloX em parceria com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Dos 277 navios previstos, 167 sofreram mudanças, com o Porto de Santos (SP) registrando o maior tempo de espera: até 55 dias entre a abertura do primeiro e do último deadline.
O Porto de Santos, responsável por 68,7% das exportações de café do Brasil até o final de julho, também teve o maior índice de atrasos, com 77% dos porta-contêineres impactados. No mês, apenas 15% dos embarques tiveram um prazo superior a quatro dias de gate aberto. A maioria dos navios teve entre três e quatro dias de abertura de gate, e 35% operaram com menos de dois dias. Além disso, 11 navios não conseguiram abrir o gate durante todo o mês, obrigando exportadores a arcar com custos extras de armazenamento e detenções.
O Porto do Rio de Janeiro, segundo maior exportador de café do país, também registrou atrasos em 60% das embarcações, impactando 43 dos 72 navios destinados ao escoamento do produto em julho. Entre janeiro e julho de 2024, 21% dos procedimentos de exportação no Rio de Janeiro tiveram mais de quatro dias de gate aberto, enquanto 40% operaram entre três e quatro dias e 39% com menos de dois dias.
Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé, alertou que a persistência dos altos índices de atrasos e mudanças nas escalas de navios está congestionando os pátios dos terminais portuários, aumentando os custos imprevistos para os exportadores. Segundo Heron, a falta de infraestrutura adequada está comprometendo a capacidade de armazenamento de contêineres, gerando prejuízos e limitando o potencial exportador do Brasil.
Heron ressaltou a necessidade urgente de diálogo entre os atores do comércio exterior e maior sensibilidade das autoridades para enfrentar os gargalos logísticos, especialmente em relação ao projeto STS10 em Santos. Sem investimentos emergenciais, ele alertou, o setor exportador, em especial o agro, pode ficar seriamente prejudicado.
Exportadores de café interessados em acessar o Boletim Detention Zero podem se inscrever no link fornecido, onde receberão orientações sobre como obter as informações dos terminais.
Fonte e imagem: Cecafé