Embrapa cria tecnologia inovadora para mapeamento de viveiros de peixes
Nova metodologia usa imagens de satélite e machine learning para identificar tanques de aquicultura com alta precisão, auxiliando na gestão ambiental e no desenvolvimento do setor
Uma nova metodologia desenvolvida pela Embrapa e parceiros está revolucionando o mapeamento de viveiros escavados no Brasil. Usando imagens de satélite de alta resolução, algoritmos de machine learning e a plataforma Google Earth Engine, a técnica alcançou 90% de precisão na identificação de tanques de aquicultura no Paraná, maior produtor e exportador de peixes do país. O estudo foi publicado na revista Remote Sensing Applications: Society and Environment.
O sistema combina imagens do programa NICFI (Noruega), com resolução de 1,5 metro por pixel, e o algoritmo Random Forest, que utiliza 1,2 mil amostras para a classificação de dados. Filtros geométricos são aplicados para diferenciar viveiros de outros corpos d'água. “Reduzimos 90% do esforço humano no mapeamento, mas a validação por especialistas ainda é essencial”, explica Marta Ummus, geógrafa da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO).
No Paraná, foram mapeados 42 mil viveiros, totalizando 11.515 hectares dedicados à aquicultura, com 40% dos tanques concentrados nas regiões Oeste e Metropolitana de Curitiba. Municípios como Nova Aurora, Palotina, Toledo e Assis Chateaubriand lideram a produção, representando 24% do total. “Esses dados são vitais para gestão ambiental e investimentos”, comenta Bruno Silva, pesquisador do Biopark Educação, parceiro no projeto.
A metodologia já está sendo testada em Rondônia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Tocantins. A Embrapa busca parcerias com instituições locais para aprimorar o algoritmo. "O conhecimento regional é crucial para refinar o algoritmo", afirma Marta Ummus.
Com dados atualizados, a técnica auxilia no monitoramento de impactos ambientais e no direcionamento de políticas públicas, além de fornecer informações estratégicas para cooperativas, indústrias e órgãos ambientais.
O Paraná, responsável por 22,5% da produção nacional de peixes, produziu 194,1 mil toneladas em 2023, sendo o maior produtor de tilápia do Brasil, com uma receita de R$ 1 bilhão em 2022. O projeto, renovado com apoio da Fundação Araucária e Universidade Estadual do Oeste do Paraná, promete mapear novas regiões rapidamente e oferecer dados essenciais para a gestão do setor.
Informações: Agro em Campo