Com balança comercial favorável, secretário vê caminho longo para consolidar acordo entre Mercosul e União Europeia

Mato Grosso do Sul e os países que integram a União Europeia apresenta um superávit elevado

09/12/2024 às 09:51 atualizado por Laura Diaz - SBA
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A balança comercial ente Mato Grosso do Sul e os países que integram a União Europeia apresenta um superávit elevado. O total das vendas processadas entre janeiro e novembro desse ano superam em 650% o valor das compras de produtos europeus feitas pelos importadores sediados em Mato Grosso do Sul.

O acordo de livre comércio entre Mercosul (Mercado Comum da América do Sul) e a União Europeia deve ampliar as trocas comerciais entre os blocos, porém ainda há um longo caminho para que as economias sintam os efeitos dessa negociação, conforme avaliou o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck.

No ano passado o volume das exportações de Mato Grosso do Sul para o bloco europeu foi de 2.065.977 toneladas e contabilizou U$S 880.483.470,00. Nesse ano, de janeiro a novembro, as vendas à União Europeia já somam 1.986.257 toneladas e superam, em valor, o total apurado em todo ano passado: US$ 1.037.302.487,00. Os dados foram compilados pela Assessoria de Economia da Semadesc.

A gente cria uma nova ambiência de relação comercial com a Europa a partir desse acordo. Mas os benefícios diretos que nós esperamos que tenha com a ampliação de mercado, deve demorar uns quatro anos para se consolidar”, avaliou Verruck.

O acordo comercial entre Mercosul e União Europeia já vem sendo discutido desde 1999, lembrou o secretário. “Isso demonstra a dificuldade de fechar negociações com a União Europeia, bloco altamente protecionista, que estabelece barreiras alfandegárias, não alfandegárias, ambientais, a produtos do mundo inteiro, não só da América do Sul. E quando a gente olha para a possibilidade de ter um acordo entre o Mercosul e a União Europeia, isso sinaliza uma ampliação de mercado. Porque só se faz um acordo quando tiver tratamento tributário e tratamento alfandegário diferenciados, senão não existe acordo”.

A pauta

Os produtos que lideraram a pauta das exportações sul-mato-grossenses para o mercado comum europeu no ano passado foram do grupo “farelo de soja e outros alimentos para animais, farinhas de carnes e outros animais”, com 51,28% do total apurado: US$ 451.489;648,00. Em segundo lugar e com participação significativa figura a celulose (26,84% do valor negociado, totalizando US$ 236.290.706,00).

Quanto às importações, em 2023 Mato Grosso do Sul comprou US$ 154.619.641,00 dos países da União Europeia e até novembro desse ano, os negócios de compras já somavam US$ 138.773.523,00. Percebe-se uma mudança no interesse dos importadores de um ano para o outro.

Em 2024, as importações do Mato Grosso do Sul da União Europeia apresentaram maior diversificação e crescimento em produtos de alto valor agregado, com destaque para máquinas e aparelhos elétricos (US$ 16,3 milhões), turbinas a vapor (US$ 15,6 milhões) e equipamentos mecânicos para elevação (US$ 15,2 milhões), que juntos representaram cerca de 27% do total importado.

Itens como legumes preparados (US$ 5,38 milhões) e aparelhos para eletrodiagnósticos (US$ 1,75 milhão) também tiveram aumentos significativos. Apesar disso, houve quedas marcantes em setores como veículos automotivos e maquinaria de papel e celulose, refletindo mudanças na demanda e no perfil das importações estaduais. Esses resultados indicam uma tendência de priorização de tecnologia e infraestrutura nas relações de compras da União Europeia.

Avanços

Os próximos passos é que definirão se o acordo prospera e como se dará. “Temos que avançar, o próximo passo é a tradução do acordo para cada um dos 26 idiomas, a aprovação pelas Câmaras de todos os países. Portanto, o que se chegou agora foi num consenso redacional da proposta. A implementação desse acordo, ele se consolida em quatro anos. Deve começar por fases, libera produto A, depois produto B, produto C. Mas a gente cria um novo marco de negociação com a Europa em relação aos produtos brasileiros”.

É importante observar que a Europa também espera ampliar as vendas para o bloco sul-americano. “E eles vendem principalmente manufaturados. Então, nós vamos estar mandando produtos agroindustrializados, ou produtos in natura, e eles vão mandar produtos manufaturados. Por isso que a preocupação, muitas vezes, é muito mais da indústria brasileira. A indústria tem preocupação com relação a importação desses produtos, assim como os agricultores europeus têm preocupação com relação aos produtos agropecuários” concluiu.

Fonte: Semadesc

Foto: Agência Brasil